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Os álbuns imperdíveis de junho 2024

Todos os meses, a equipe editorial da Qobuz identifica os discos imperdíveis lançados em todos os gêneros. Confira aqui a seleção de junho de 2024.

Jess Rotter June 24

INDIE & ALTERNATIVO

O excelente Below The Waste, terceiro álbum do Goat Girl, produzido por John “Spud” Murphy (Black Midi), marca uma transição notável do pop mais aconchegante dos primeiros trabalhos do grupo para uma sonoridade indie mais punk e complexa. Não muito distante dessa transformação, somos arrebatados pela beleza deslumbrante de How Will I Live Without a Body? do raríssimo trio texano Loma. Este disco, impregnado de um folk tempestuoso, orgânico e minimalista, é perfeitamente envolto pela voz suave de Emily Cross. Além desses, para reviver anos (des)conhecidos, tivemos o lançamento de One Hand Clapping, um álbum ao vivo inédito que captura os Wings em uma sessão histórica em Abbey Road em 1974, logo após o sucesso arrebatador do icônico Band on the Run. No registro, ouvimos Paul McCartney vibrando entre sucessos recentes e covers cultuados, ao lado de sua esposa Linda e do saudoso Denny Laine.

ROCK

Os dias bonitos de junho parecem inspirar os veteranos a agirem como se ainda estivessem em sua juventude. 40 anos após o lançamento de seu álbum de estreia, Bon Jovi retorna com Forever, um disco divertido e vibrante, onde o ar novamente se enche com refrões dignos de estádios. Ao falar de lendas, é impossível não mencionar o incrível Glenn Hughes, baixista e vocalista do Black Country Communion. Seu novo álbum, V, é ainda mais sólido e poderoso, graças ao desempenho brilhante de Joe Bonamassa, que revela uma paixão contagiante nesse estilo. No Brasil, com os irmãos Cavalera, parece termos o lema “vamos ser ecológicos, vamos reciclar”. Após regravarem dois clássicos do Sepultura, atualizando-os com um som mais moderno, Max e Igor voltam com uma versão renovada de Schizophrenia, 34 anos após seu lançamento original.

Com o sol escaldante e uma atmosfera desértica, nos preparando para dias mais áridos, Fu Manchu, pioneiros lendários do stoner rock, lançam The Return of Tomorrow. Com seu som fuzz característico e uma energia punk inabalável, a banda se aproxima de seus 40 anos de existência com força total. Respeito absoluto.

POP

A longa fascinação de John Cale com a música eletrônica culmina em algumas de suas melhores obras atuais com o vanguardista POPtical Illusion, onde ele explora as fendas mais profundas de sua composição. Em uma estreia impressionante, a voz de Zsela e a cuidadosa seleção de ideias excêntricas combinam para um álbum de R&B emocionante, apaixonado e hipnotizante. Já Angélica Garcia toca no indie enquanto ainda lembra suas raízes mexicano-salvadorenhas em Gemelo, um álbum pop lindo e harmonioso.

O fato de Hiatus Kaiyote proclamar sua música como “soul do futuro” não muda o quão habilidosa esta banda australiana é ao usar elementos de todas as partes do funk, soul, jazz, R&B e, mais importante, de diversão. Definidas sobre músicas de clube animadas, as letras do sexto álbum de estúdio de Charli XCX, BRAT, variam de diretas e divertidas a íntimas e vulneráveis, fazendo dele possivelmente seu melhor trabalho até agora.

MÚSICA ELETRÔNICA

Alguns lançamentos importantes na área da música eletrônica em junho. Tudo começou com a estrela sul-coreana Peggy Gou e com o seu tão esperado debut que mistura as melhores partes de qualquer festa ensolarada de tributo aos anos 90. Em seguida, o produtor canadense Kaytranada entregou Timeless, que consegue a façanha de superar o aclamado Bubba, que lhe rendeu um Grammy em 2019, com ainda mais daquele groove retrofuturista que já é sua marca registrada.

Um produtor experimental e um cantor de R&B entram em um bar... e criam um dos melhores álbuns eletrônicos, relaxantes e enigmáticos de 2024 até agora. Sem brincadeira, apenas Black Decelerant. Para finalizar, É. Motherway apresenta um conjunto de hits dubby, alucinantes e bem dosados aqui, diferenciados de muitos outros projetos eletrônicos pela variação de ideias de uma música para outra.

JAZZ

Em junho, a série de tributos “Red Hot & Ra” ganhou mais uma adição, com o lançamento de seu quarto disco. Esta nova entrada prova que não se trata apenas de covers, mas de jornadas respeitosas pelo poderoso catálogo de Sun Ra, destacando a influência e a inovação do artista. Enquanto isso, Joni Mitchell, menos conhecida por sua fase jazzística, lança uma série de álbuns compilados que, na época, afastaram alguns dos fãs de pop-folk que ela havia conquistado. No entanto, essas compilações destacam o arco de carreira de Mitchell como um dos mais impressionantes entre seus contemporâneos, revelando sua versatilidade e profundidade artística.

Em uma fusão de músicos e estilos, Beings vive em uma zona de distorção perfeita entre rock e free jazz. Julius Rodriguez parecia não poderia recriar um show ao vivo tão emocionante – tão cheio de vivacidade e alegria, tanto pelo bebop quanto pelo funk – e ainda assim aqui estamos com seu novo Evergreen. O retorno do Dirty Three após 12 anos não só encanta os fãs de longa data, mas oferece alguns dos melhores materiais de post-rock/jazz de sua carreira histórica.

BLUES, COUNTRY & FOLK

Neste mês, o destaque no mundo do country é um verdadeiro presente para os fãs: um novo álbum de Johnny Cash intitulado Songwriter. Composto por gravações inéditas do início dos anos 90, exumadas dos arquivos pessoais do cantor e reorquestradas por músicos fiéis, este lançamento é uma joia rara que transcende gerações. No universo do blues e das músicas folk afro-norte-americanas, o selo Folkways nos presenteia com um verdadeiro tesouro: Friends Of Old Time Music, um concerto integral inédito dos Georgia Sea Island Singers com a participação especial de Fred McDowell. Ainda vivos e somando 147 anos de experiência musical, as lendas do alternative-country Dave Alvin e Jimmie Dale Gilmore se unem em Texicali.

Aos 73 anos, Seasick Steve continua a surpreender. Com A Trip A Stumble A Fall Down On Your Knees, ele reafirma sua posição como uma figura essencial do blues cool e dançante, demonstrando que a maturidade só aprimorou seu talento. Por fim, nada melhor para momentos de relaxamento e contemplação do que o novo álbum dos guitarristas Hermanos Gutiérrez. Sonido Cósmico é uma viagem sonora pelas ambiências musicais do sudoeste americano, ideal para se desconectar do cotidiano e mergulhar em paisagens sonoras envolventes e serenas.

MÚSICA CLÁSSICA

O maestro Klaus Mäkelä e a violinista Janine Jansen, acompanhados pela Filarmônica de Oslo, entregam um álbum magnífico dedicado às obras de Sibelius e Prokofiev. Este lançamento destaca a maestria e a paixão desses músicos excepcionais, trazendo uma nova vida às composições dos renomados compositores. O trompista britânico Martin Owen se une à violinista Francesca Dego e ao pianista Alessandro Taverna para um álbum com um repertório pouco convencional que realça a versatilidade da trompa francesa intitulado Horn Trios.

Solistas de renome e amigos Benjamin Grosvenor (piano), Nicola Benedetti (violino) e Sheku Kanneh-Mason (violoncelo) se unem para uma interpretação sublime do Triple Concerto, Op. 56 de Beethoven, sob a batuta do maestro finlandês Santtu-Matias Rouvali, junto com a Orquestra Filarmônica. O compositor e maestro Joe Hisaishi apresenta seu último álbum, que inclui a estreia mundial de sua Symphony No. 2 e uma gravação de sua Viola Saga com o renomado violista Antoine Tamestit, acompanhado pela Wiener Symphoniker. Este trabalho destaca a inventividade e a profundidade emocional de Hisaishi, reafirmando sua posição como um dos grandes compositores contemporâneos. Por último, mas não menos importante, o coletivo musical de Los Angeles wild Up lança o quarto volume de gravações de Julius Eastman. Este projeto contínuo celebra a genialidade e o legado de Eastman, trazendo suas obras inovadoras e provocativas para um público moderno.